quinta-feira, 12 de março de 2009

Franzir

Sempre precisei me sentir especial e percebo quão ilusão isso era. Buscando, num mundo estranho, me aproximar do que é fantástico e nunca nem chegar perto. O ser eu, não era o bastante, tinha que ser "um eu mais" e ao longo de minha caminhada percebi que era o que bastava. Luto para me reencontrar e sei que estou aqui dentro, em alguma parte, misturado com os ossos ou sentimentos que levo para passear.

Hoje acordei sem ao menos ter a consciência de que estava de olhos abertos. O sentir é algo que nos aproxima do interior, por vezes oco e mal cuidado, que trazemos feito mochila nas costas. Mesmo não querendo enxergar, abro os olhos e a luz me faz franzir a testa. Eu me forço a caminhar de volta pra casa, sem saber direito onde é.

O medo de estar sem as coordenadas certas não me afeta, quero apenas chegar a algum lugar. Fincar a bandeira e dizer: Este lugar é meu! “Sendo doce ou amargo lar”. 

Já não me importa, vou transformá-lo no que for para ser transformado, no fantástico que eu quiser talvez.

Se as palavras alheias me disserem que não é possível, ensurdecerei meus ouvidos com uma canção inventada. Se os gestos me reprimirem, cegarei meus olhos e verei apenas o que for pra ser visto, aqui dentro, sem forçar e franzir a testa.

Dai aos outros o que a eles pertencem. Me dar possibilidades. É o bastante ser o que quiser, quando, onde e como.


Sem porquês.